sábado, 10 de março de 2012

O FC Porto em três nomes: Maicon, Fernando e James

 Esta publicação, que marca o regresso ao activo do blog, podia ter outro título. Podia falar do regresso de Lucho González à casa onde tanto o estimam, ou da complementaridade que Janko veio trazer ao modelo de jogo dos campeões nacionais, mas não. Vou antes focar-me em três caras já bem conhecidas da massa adepta portista e do futebol português. São três jogadores que atravessam um excelente período de forma e que têm contribuído directamente para as mais recentes vitórias do FC Porto. Maicon, Fernando e James Rodríguez. Cada qual na sua posição, a desempenhar as suas funções veementemente e de forma irrepreensível.
 Começando por Maicon, o mais recuado, confirmou no jogo da Luz aquilo que já se suspeitava: em forma, é um central de respeito. Vítor Pereira viu no brasileiro uma solução adaptada para a lateral-direita, mas, mesmo sem comprometer, o jogador que veio do Nacional mostrou que é no eixo que se sente confortável. A velocidade e precisão na hora de cortar a bola são mais-valias imprescindíveis numa altura em que Rolando e Otamendi enfrentam uma ligeira crise existencial e não se mostram donos das capacidades que já mostraram e lhes são reconhecidas. Assim, Maicon afirma-se como o defesa em melhor forma dos 'dragões', o central da moda, cujo cabeceamento (em posição irregular) que levou como diracção as redes de Artur Moraes abriu as portas do título para o FC Porto.

Maicon faz da velocidade uma das suas principais armas na hora de defender

 Mais à frente de Maicon está Fernando. 'O Polvo', como é conhecido, assumiu-se como a chave-mestra do FCP durante a acção defensiva. O "tampão" da equipa, aquela carraça que não deixa o adversário respirar e iniciar uma jogada de contra-ataque apoiada. Quando no início da temporada passou por um período de menor fulgor, foram várias as vozes que vaticinaram o fim da linha para o futebolista no clube da 'Invicta', mas com o passar do tempo, as exibições consistentes regressaram e com ela a confiança que faltava. É em Fernando que assenta todo o modelo defensivo do Porto. A zona central do campo parece ficar cheia com o pulmão do brasileiro. É a jogar sozinho, como vértice mais recuado do triângulo do meio-campo do 4x3x3 de Vítor Pereira que Fernando explana todas as suas faculdades. Quando o treinador colocou Moutinho perto do seu raio de acção, derivado da necessidade de reforçar o "miolo" em compensação da pouca ajuda defensiva dada por Hulk e companhia (entenda-se Varela, Defour, etc.), Fernando sentiu-se mais preso a um lado do campo e, consequentemente, mais limitado. Lucho chegou entretanto e Fernando voltou a ser dono e senhor do seu território. 'El Comandante' precisa de um companheiro a jogar perto de si, para executar o seu jogo rendilhado, feito à base de tabelinhas e o escolhido para esse papel foi João Moutinho, que voltou a adiantar-se no terreno, libertando Fernando das amarras impostas anteriormente. O único defeito de Fernando está na hora de distribuir jogo, algo que ainda pode ser melhorado, e que já foi bem mais gritante (antes de Fernando, havia Paulo Assunção, que era exímio neste domínio).
 Depois da entrega defensiva tem que haver espaço para a fantasia e técnica. Porque como já disse Luís Freitas Lobo, "a táctica empata jogos, a técnica ganha-os". E é para esse fim que existem jogadores como James Rodríguez. Diamante em bruto colombiano, descoberto no Banfield da Argentina há quase dois anos. Assume-se cada vez mais como um dos activos mais valiosos e preponderantes na casa 'azul-e-branca'. Todo o jogador é um poço de imaginação e a bola parece sair sempre redonda dos seus pés. Há até quem já lhe aponte características sobre-humanas (chegar a Lisboa de manhã, após um vôo de nove horas e marcar um golo (e uma assistência) no reduto do Benfica é obra)... Mas James é bem terreno e felizmente joga em Portugal. Habitualmente encostado à esquerda, esta época tem-se destacado pela finalização (leva 11 golos na Liga) e pela classe que destila quando flecte para o meio, actuando quase como '10'. É uma das principais "nuances" e vantagens tácticas de que o FC Porto dispõe este ano: como Álvaro Pereira sobe muito, James tem tendência a fazer diagonais e a descobrir espaços na outra ala e na grande área, libertando o flanco esquerdo para Álvaro cruzar a bola para zona de perigo. A grande questão que se coloca é o porquê do treinador colocar James no banco em grande parte dos jogos, em detrimento de Varela ou Djalma. Se está cansado, é uma coisa, mas quando em grande forma não há que hesitar...
 Portanto, em jeito de conclusão, é nestes três jogadores que está o presente (e mesmo o futuro) da equipa do FC Porto. Eles são o reflexo da subida de forma colectiva registada no último mês e meio e, aliando-os à força de Hulk, finalização de Janko, velocidade de Álvaro Pereira e classe de Moutinho e Lucho, são eles que podem levar o Dragão uma vez mais à vitória do campeonato. Provavelmente...

James marcou na Luz e ainda assistiu Maicon no terceiro golo do FCP

1 comentário:

  1. Francis Francis, assim futebol até parece interessante! Very well written as usual. Keep up the good work *

    ResponderEliminar