domingo, 24 de julho de 2011

O Sporting versão 2011/2012

 Após duas épocas extremamente conturbadas do clube de Alvalade, o Sporting Clube de Portugal apresenta-se nesta pré-época com um alento renovado e com vontade de "mudar o destino". A garantia de mudança foi dada já em Março passado quando Godinho Lopes e a sua lista foram eleitos para liderar os 'leões' rumo a uma nova vida desportiva (com focalização no departamento futebolístico). E a verdade é que pelo pouco que já vimos, esse novo rumo parece ser uma realidade, face ao empenho de dirigentes, equipa técnica e jogadores em constituir um plantel forte e equilibrado.
 Começando pela nova equipa técnica, Domingos Paciência assumiu o comando do banco leonino após uma evolução que ocorreu sempre em crescendo, desde a sua estreia como treinador principal em Leiria. Seguiram-se a Académica e depois veio o Sporting de Braga. Na 'cidade dos arcebispos', Domingos conduziu os minhotos ao segundo lugar da Liga 2009/2010 (lutando pelo título até à última jornada com o 'Super-Benfica'), apresentando uma equipa assente numa "espinha dorsal" composta por jogadores conhecedores do nosso campeonato e de qualidade inegável (Eduardo, Rodríguez, Moisés, Luís Aguiar, Meyong, Hugo Viana, etc.) e (já no segundo ano, a época passada) conquistou o 4º lugar no campeonato atrás dos 'três grandes', acompanhou a equipa na sua estreia na Liga dos Campeões e, num feito histórico e inédito, guiou os minhotos à final da Liga Europa. Ora, com um plantel de um valor consideravelmente mais baixo em relação a Porto, Benfica e Sporting, Domingos montou sempre equipas sólidas, substituindo satisfatoriamente jogadores-chave (Eduardo por Artur, Moisés por Paulão, Aguiar por Mossoró) e cimentando a posição do Braga como o 'quarto grande'. Por tudo isto, Paciência parece ser o homem indicado para levar o Sporting a novas conquistas, já que parece perfeitamente identificado com a cultura do clube e dispõe agora de um lote interessantíssimo de novos atletas, numa revolução que foi operada por Carlos Freitas e Luís Duque.

Domingos será o homem do leme sportinguista na nova temporada
 Analisando agora o plantel que realizará esta nova época, é desde logo claro que existem mais e melhores soluções. Começando pela baliza, o facto do clube ter assegurado a permanência de Rui Patrício é a primeira garantia de segurança defensiva. O guarda-redes natural de Marrazes tem vindo a crescer exponencialmente e perfila-se como o futuro dono das redes nacionais, sendo um jogador completo, faltando apenas uma melhoria no jogo de pés. Marcelo Boeck é a natural segunda opção e Tiago mantém-se por ser uma referência no balneário e para os mais jovens. O sector defensivo surge igualmente mais forte. João Pereira é dono e senhor da lateral-direita e Evaldo da esquerda (pelo menos até ver o que faz Atila Turan, que ainda não chegou a Alcochete) e a zona central é a que oferece mais dúvidas; Daniel Carriço, Anderson Polga, Onyewu e Alberto Rodríguez (o jovem Tiago Ilori já mostrou ter valor, mas deverá rodar noutro clube) vão lutar pelas duas vagas no eixo, tornando-se previsível que o treinador deverá optar por um central de estatura média, rápido e com um bom sentido posicional (Carriço ou Rodríguez) e por outro possante, forte no jogo aéreo (o norte-americano Onyewu o único que reúne estas características). Polga, ainda que seja o central mais experiente do plantel deve sentar-se regularmente no banco de suplentes. Na zona central do terreno de jogo há muito pano para mangas: o pulmão inesgotável de Rinaudo (um '5' tipicamente argentino, à imagem de Fernando Redondo), sem nunca virar a cara à luta, a classe de André Santos, Schaars e Matías Fernández, a polivalência de Pereirinha (se se mantiver no plantel) e a versatilidade de Izmailov e Luís Aguiar (e mesmo do pequeno André Martins, mais uma pérola das escolas leoninas), quando recuperar da cirurgia a que foi submetido, vão emprestar ao Sporting uma capacidade de luta tremenda pela posse de bola e um toque de classe que faltou à equipa no ano passado, quando os 'leões' se viram orfãos de João Moutinho. Aqui, supondo que Domingos irá apostar no 4x1x3x2, a disputa por um lugar à sombra será intensa, já que a qualidade abunda nos diversos sectores do meio-campo. Passando para as alas, Diego Capel, Carrillo e Bojinov serão certamente muito úteis no desenlace das partidas quando o jogo se encontrar "atado", sem nunca esquecer Yannick Djaló, que ainda ontem, no jogo contra a Juventus disse "presente!", sem se atemorizar pela chegada de Capel. Finalmente, a frente de ataque está também bem munida de finalizadores de fino recorte. Hélder Postiga parece estar de volta (e agora é a escolha inicial de Paulo Bento na selecção portuguesa) com um arranque muito prometedor, o holandês Van Wolfswinkel tem a "pinta" dos tradicionais goleadores do 'país das tulipas' e Diego Rubio é um diamante em bruto para Domingos esculpir, com um futebol de perfume tipicamente sul-americano. Há ainda Bojinov, que é também uma opção válida para esta zona mais adiantada, mas será interessante vê-lo descaído na ala, à semelhança do que fazia no Parma.
 O Sporting 2011/2012 parece assim, à partida, muito melhor preparado para ombrear com Porto e Benfica (e por que não Braga?) pela conquista da Liga ZON Sagres e para enfrentar as exigências da Liga Europa, onde o nível futebolístico é cada vez mais elevado. As opções são mais, a qualidade também e a própria estrutura directiva e técnica aparenta ser mais firme e convicta, sempre com o objectivo primário de ver o Sporting ser grande outra vez.

O Sporting da nova época apresenta-se bem mais consistente, com muitas caras novas

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