quinta-feira, 28 de julho de 2011

3ª pré-eliminatória da Liga dos Campeões: Benfica 2-0 Trabzonspor - "Em castelhano nos entendemos!"

 A frase do título deste post bem poderia ter sido dita por qualquer jogador do Benfica que ontem alinhou e contribuiu para a primeira (e importante) vitória das 'águias' na sua caminhada europeia. Apesar da desconfiança inicial que pairava sobre a falta de rotinas da defesa encarnada, o verdadeiro estado de espírito do capitão Luisão e o próprio adversário (quer se queira, quer não, o Trabzonspor é pouco conhecido na "Europa do futebol"), a turma de Jorge Jesus manteve-se firme e, no seu Estádio da Luz, construiu uma vantagem confortável de dois golos para o jogo da segunda mão, na Turquia, obrigando o Trabzonspor a abrir-se mais, na tentativa de apontar um tento que devolva esperança, aproveitando assim as fragilidades defensivas que daí resultarão.
 A partida de ontem em si começou com um arranque forte do Benfica, empurrados pelo apoio do público e por algumas fragilidades defensivas provenientes da falta de velocidade da linha mais recuada do Trabzonspor (com a ajuda do guarda-redes Tolga, que parecia completamente alheio ao jogo, no início). Gaitán quase marcou num chapéu espontâneo, Luisão cabeceou muito perto do poste na sequência de um pontapé de canto e houve uma grande penalidade que ficou por assinalar sobre Cardozo. A partir dos 20 minutos e até ao intervalo, o jogo começou a "esfriar" e a ficar mais repartido, e a equipa turca conseguiu inclusivé um lance de clara oportunidade de golo por Adrian Mierzejwski, (mal) anulado pelo árbitro da partida, o suíço Stephan Studer (exibição fraca). Emerson destacou-se neste período, não pela desenvoltura ofensiva, mas pela importância na manobra defensiva, dobrando bem Garay e contribuindo com alguns cortes importantes. A segunda parte começou como acabou a primeira, equilibrada, com Artur Moraes a resolver duas situações de ligeira aflição na defesa benfiquista, mostrando não estar intimidado pela chegada de Eduardo ao clube. O Benfica começou a carregar mais e Saviola disparou ao poste da baliza de Tolga, a passe de Aimar (66 minutos). Pouco depois (71 minutos), Nolito, recém-entrado, recebeu a bola do lado esquerdo do ataque encarnado, combinou com Pablo Aimar e atirou a contar, num golo de belo efeito, colocando o Benfica em vantagem na eliminatória. A pressão ofensiva continuou, Luisão e Garay mostraram-se intransponíveis, mais um 'penalty' por assinalar a favor da equipa da casa, Maxi Pereira rendeu o esgotado Rúben Amorim, cumprindo com mais do que se lhe exigia (vinha de uma viagem de 12 horas do Uruguai até Lisboa), e Gaitán, após recuperação de Witsel (este, a par de Nolito e Emerson, já mostrou que é reforço), num remate colocado e espetacular, fez o segundo golo da noite, escancarando as portas de acesso ao 'play-off' de apuramento para o Benfica.
 Concluindo, a defesa surgiu bem sólida com Garay e Emerson em destaque, Luisão provou (de novo) ser um excelente profissional, colocando a equipa à frente dos seus interesses pessoais, Gaitán é cada vez mais uma estrela neste Benfica e Nolito é um jogador 'à Barça', fazendo lembrar o também 'canterano' Pedro Rodríguez nos seus movimentos. O Trabzonspor mostrou ser uma equipa sem grandes argumentos para derrubar esta "armada" lisboeta e apenas Gustavo Colman mostrou estar ao nível exigido nesta competição. Com Aimar, Gaitán e Nolito no comando (em castelhano, pois claro!), o Benfica está com um pé na próxima fase da "rota dos milhões".

Enzo Pérez mostrou-se esforçado no primeiro tempo, mas acabou por sair tocado

Os jogadores do Benfica:

Artur Moraes - 6 (classificação A Táctica do Autocarro)
Rúben Amorim - 6 (Maxi Pereira 65' - 6)
Luisão (capitão) - 6
Garay - 7
Emerson - 6
Javi García - 6
Enzo Pérez - 5 (Nolito 54' - 7)
Gaitán (MVP da partida) - 7
Aimar - 6 (Witsel 74' - 5)
Saviola - 6
Cardozo - 4

Treinador: Jorge Jesus; Táctica: 4x1x3x2

Os jogadores do Trabzonspor:

Tolga (capitão) - 4
Serkan Balçi - 4
Glowacki - 5
Giray Kaçar - 4
Celustka - 5
Zokora - 6
Gustavo Colman - 7
Burak Yilmaz - 5
Alanzinho - 4 (Akgun 68' - 3)
Adrian Mierzejwski - 6 (Pawel Brozek 85' - sem elementos de classificação)
Paulo Henrique - 5

Treinador: Senol Gunes; Táctica: 4x2x3x1

O árbitro: Stephan Studer - 3

MVP da partida: Nicolás Gaitán (Nota 7)

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Sons da bola #1

 Hoje, na nova rúbrica do blog intitulada 'Sons da bola', fica uma canção criada e interpretada pelo cantor francês Manu Chao, La Vida Tombola, que tem como tema o astro do futebol, 'El Pibe' Diego Armando Maradona.



Letra:

Si yo fuera Maradona
Viviria como el
Si yo fuera Maradona
Frente a cualquier porteria
Si yo fuera Maradona
Nunca m'equivocaria
Si yo fuera Maradona
Perdido en cualquier lugar

La vida es uns tómbola
De noche y de dia
La vida es una tombola
Y arriba y arriba!

Si yo fuera Maradona
Viviria como el
Mil cohetes, mil amigos
Y lo que venga a mil por cien
Si yo fuera Maradona
Saldria en mondovision
Para gritarle a la FIFA
Que ellos son el gran ladron!

La vida es uns tómbola
De noche y de dia
La vida es una tómbola
Y arriba y arriba!

Si yo fuera Maradona
Viviria como el
Porque el mundo es una bola
Que se vive a flor de piel

Si yo fuera Maradona
Frente a cualquier porqueria
Nunca me equivocaria...

Si yo fuera Maradona
Y un partido que ganar
Si yo fuera Maradona
Y una mano en el altar.

La vida es uns tómbola
De noche y de dia
La vida es una tómbola
Y arriba y arriba!

terça-feira, 26 de julho de 2011

O Trabzonspor à lupa

 O Benfica inicia amanhã a sua campanha na Liga dos Campeões 2011/2012, defrontando no primeiro jogo oficial da temporada os vice-campeões turcos do Trabzonspor, em partida a contar para a 3ª pré-eliminatória da competição.
 O Trabzonspor apresenta-se amanhã, na Luz, como uma equipa sem grande experiência acumulada em provas europeias, mas com vários elementos na sua formação perfeitamente adaptados ao futebol europeu, que devem ser levados em conta, detentores de rotinas de jogo mais-ou-menos definidas entre si (este "mais-ou-menos" advém da perda de algumas peças-chave da época passada, durante o defeso: Selçuk Inan foi transferido para o Galatasaray, Jajá Coelho rumou ao Dubai, Hrvoje Cale rescindiu, etc.).
 O que merece destaque imediato é a sua solidez defensiva - no campeonato turco foram a defesa menos batida, sofrendo 23 golos em 34 jogos. O reduto mais recuado é constituído por dois centrais altos e fortes no jogo aéreo (o polaco Glowacki e o turco Giray Kaçar) e dois laterais rápidos e com propensão ofensiva, sendo um deles uma promessa checa que no ano passado chegou a actuar pelo Palermo, Ondrej Celustka. O que o Benfica poderá explorar é a falta de rapidez e técnica dos centrais, apostando na velocidade de Saviola e nos passes "a rasgar" de Aimar. Celustka é um lateral-direito de raiz, mas deverá jogar encostado à esquerda, procurando garantir a segurança defensiva ao invés de subir regularmente pelo flanco (essa tarefa estará reservada para Serkan Balçi, o outro lateral).
 O meio-campo assenta em Zokora, trinco costa-marfinense que foi contratado ao Sevilha, que garante experiência e poderio físico ao "miolo", Gustavo Colman, um típico médio 'box-to-box' argentino, já com quatro anos de futebol turco e Alanzinho, um pequeno virtuoso, que deambula livremente pelas alas ou pelo corredor central. A fraqueza deste sector encontra-se precisamente no brasileiro, que relega para segundo plano as tarefas defensivas, deixando Zokora e Colman expostos às investidas do adversário.
 Na frente de ataque há sempre um homem-alvo, mas que varia ao longo do jogo, pois Burak Yilmaz, Halil Altintop e Paulo Henrique trocam bastante entre si, conforme as exigências da partida. O mais comum é vermos Yilmaz (excelente jogador e finalizador) e Altintop a descaírem para as alas, numa metamorfose do 4x2x1x3 para um 4x2x3x1 (a aposta do treinador Senol Gunes não deve fugir ao segundo sistema, devido ao caudal ofensivo do Benfica), conferindo alguma ajuda defensiva ao meio-campo e cobrindo, de certa forma, as subidas de Alanzinho e dos laterais.
 O Trabzonspor surge assim com uma equipa bem montada, pronta para apanhar o Benfica em contra-pé, tirando partido da falta de entrosamento da defesa encarnada. Ainda assim, o valor colectivo dos turcos não se compara ao das 'águias', que muito certamente quererão construir uma vantagem confortável nesta primeira mão da eliminatória, em casa, de maneira a poder desenvolver um jogo mais pensado na Turquia.

Onze-tipo do Trabzonspor: Onur Kivrak; Serkan Balçi (capitão), Glowacki, Giray Kaçar, Ondrej Celustka; Zokora, Gustavo Colman; Burak Yilmaz, Halil Altintop, Alanzinho; Paulo Henrique

Táctica: 4x2x3x1

Halil Altintop deixou a Alemanha para ser a nova estrela do Trabzonspor

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Copa América - O Samba e o Tango perdidos, orgulho Celeste e... Larissa

 Terminou ontem a 43ª edição da Copa América, a maior competição de selecções na América do Sul, realizada na Argentina.
 Foi, à "vista desarmada", uma das edições mais fracas deste prestigiado troféu. Mas esta constatação é algo que merece uma introspecção mais pormenorizada e repensada. Porquê? Primeiro, uma competição em que dois colossos como Brasil e Argentina são eliminados logo na 2ª ronda é merecedora de destaque. Segundo, o novo campeão, o Uruguai, acaba por ganhar a competição com um conjunto de bons jogadores que transitaram do Mundial da África do Sul, onde alcançaram um impensável quarto lugar, provando que os seus feitos não foram obra do acaso, mas antes provenientes de um trabalho contínuo do seleccionador Oscar Tabárez, que conseguiu transformar uma amálgama de talentos numa Equipa (sim, com "E" maiúsculo) consistente e consciente (os 'celeste' tornaram-se a selecção com mais títulos da História do futebol). Terceiro, as surpresas que representaram as selecções do Peru e da Venezuela elevaram ainda mais um valor que deve ser absolutamente respeitado no futebol actual: nunca subestimar o adversário, por mais débil que ele possa parecer. E quarto, o Paraguai chegou à final com o Uruguai sem ter vencido uma única partida no tempo regulamentar, empatando na fase de grupos com Equador, Brasil e Venezuela e vencendo os jogos de 'mata-mata' no desempate por grandes penalidades.

O Uruguai (re)afirmou-se como uma potência do futebol mundial
 Mas o que salta realmente à vista nesta edição são as eliminações prematuras de Brasil e Argentina. Os eternos rivais desiludiram o Planeta Futebol e jogaram sempre em baixa rotação. De onde derivam estas anomalias futebolísticas encontradas na Copa?
 O futebol sul-americano foi quase sempre caracterizado por uma certa "anarquia táctica", onde não havia posições rigorosamente definidas em campo. Mano Menezes, depois de anos e anos a treinar no Brasileirão chegou à selecção 'canarinha', desmontou o futebol automatizado e "europeu" de Dunga e devolveu-lhe o estilo "joga bonito", com uma fornada de jovens caracterizada por pouca maturidade. A linha defensiva manteve-se relativamente forte, mas a confusão gerada na frente de ataque por esta imaturidade resultou na falta de eficácia e pouca clarividência para pensar numa manobra ofensiva organizada (Pato, Neymar, Robinho e Ganso chocaram quase sempre durante os jogos, deixando o Brasil desequilibrado e sem uma verdadeira referência atacante). A Argentina, com Sergio Batista no banco, quis dotar o meio-campo de músculo e capacidade de choque (Mascherano, Cambiasso, Gago e Banega são todos de carácter lutador) para libertar as suas estrelas de tarefas defensivas; o resultado foi o mesmo verificado na selecção brasileira: Aguero, Tévez e Messi (ressente-se demasiado da falta de Xavi e Iniesta) não revelaram o entendimento desejado e a 'equipa das pampas' fracassou. Ficou provado que a desordem atacante brasileira e argentina já não se encaixam nos mandamentos do futebol moderno, onde a rigorosidade táctica impera e a organização é um 'must have'. Expoentes que foram colocados em prática pelos desfavorecidos Peru, Venezuela e Paraguai, na tentativa de arranjar um "disfarce" para a falta de talento dos seus jogadores.


Neymar e a 'canarinha' só voltarão a ser felizes quando definirem prioridades
organizacionais no futebol da sua selecção

 A conclusão a retirar é que a "anarquia táctica" encontra-se mergulhada nas profundezas da esfera futebolística actual e esta Copa América foi, possivelmente, o marco temporal que definiu o seu fim, apoiado pela decadência dos colossos sul-americanos, onde se augura uma mudança radical na filosofia táctica e na formação dos seus atletas. São factores que exigem um processo longo de adaptação às novas exigências do jogo, mas que deverá ter os seus frutos, já que a matéria-prima está lá, faltando a introdução de novos valores fundamentais para o sucesso no pensamento dos atletas.

P.S. - Larissa Riquelme voltou a marcar presença nas bancadas em forte apoio aos 'guarani', a selecção paraguaia. Chegaram à final, mas o seu futebol excessivamente "amarrado" foi incapaz de levar de vencida o Uruguai. Larissa não se despiu. Justiça poética? Talvez, mas simultaneamente infortúnio para a massa adepta masculina.

Larissa já se tornou uma figura incontornável no apoio ao Paraguai

De olho em... Christian Atsu


Nome: Christian Twasam Atsu
Data de nascimento: 10/01/1992
Naturalidade: Gana
Posição: Extremo/Avançado
Altura: 172 cm
Peso: 68 kg
Clubes representados: Cheetah FC (Gana), FC Porto (júniores), FC Porto

 Christian Atsu tem sido um dos elementos de destaque nesta pré-época do FC Porto, tendo protagonizado, ao longo dos jogos efectuados, lances de autêntica desenvoltura ofensiva, ombreando por um lugar na equipa com os nomes fortes do plantel. No "esquadrão" azul-e-branco abundam as soluções para as alas do ataque, mas nem por isso o jovem ganês tem mostrado sinais de abrandamento: sempre que é chamado a intervir corresponde com arrancadas imparáveis e, apesar da sua baixa estatura, revela-se muito difícil de travar. Foi descoberto pela prospecção dos 'dragões' no seu país natal, e iniciou-se nos júniores da 'Invicta' há duas épocas, sendo que na temporada passada foi um dos elementos mais influentes na conquista do campeonato nacional do seu escalão de formação. Ao lado dos seus ex-companheiros de ataque Pipo, Rafael Diniz e Fábio Nunes, Christian provocou inúmeras dores de cabeça às defesas adversárias, garantindo ainda um lugar na convocatória da equipa sénior na última jornada da Liga ZON Sagres frente ao Marítimo, naquele que foi considerado um prémio pelo seu trabalho ao longo da época.
 Agora, com os jogos oficiais a começar, seria prejudicial para Atsu ficar no plantel principal do Porto à sombra de Hulk, Varela, Djalma e, provavelmente, Kelvin. O treinador Vítor Pereira, conhecedor do talento que esta pérola africana detém, deve promover o seu empréstimo a um outro emblema da Liga portuguesa, de maneira a consolidar a sua adaptação, amadurecimento e para limar lacunas defensivas, próprias de um atleta da sua idade. Um diamante em bruto!

domingo, 24 de julho de 2011

O Sporting versão 2011/2012

 Após duas épocas extremamente conturbadas do clube de Alvalade, o Sporting Clube de Portugal apresenta-se nesta pré-época com um alento renovado e com vontade de "mudar o destino". A garantia de mudança foi dada já em Março passado quando Godinho Lopes e a sua lista foram eleitos para liderar os 'leões' rumo a uma nova vida desportiva (com focalização no departamento futebolístico). E a verdade é que pelo pouco que já vimos, esse novo rumo parece ser uma realidade, face ao empenho de dirigentes, equipa técnica e jogadores em constituir um plantel forte e equilibrado.
 Começando pela nova equipa técnica, Domingos Paciência assumiu o comando do banco leonino após uma evolução que ocorreu sempre em crescendo, desde a sua estreia como treinador principal em Leiria. Seguiram-se a Académica e depois veio o Sporting de Braga. Na 'cidade dos arcebispos', Domingos conduziu os minhotos ao segundo lugar da Liga 2009/2010 (lutando pelo título até à última jornada com o 'Super-Benfica'), apresentando uma equipa assente numa "espinha dorsal" composta por jogadores conhecedores do nosso campeonato e de qualidade inegável (Eduardo, Rodríguez, Moisés, Luís Aguiar, Meyong, Hugo Viana, etc.) e (já no segundo ano, a época passada) conquistou o 4º lugar no campeonato atrás dos 'três grandes', acompanhou a equipa na sua estreia na Liga dos Campeões e, num feito histórico e inédito, guiou os minhotos à final da Liga Europa. Ora, com um plantel de um valor consideravelmente mais baixo em relação a Porto, Benfica e Sporting, Domingos montou sempre equipas sólidas, substituindo satisfatoriamente jogadores-chave (Eduardo por Artur, Moisés por Paulão, Aguiar por Mossoró) e cimentando a posição do Braga como o 'quarto grande'. Por tudo isto, Paciência parece ser o homem indicado para levar o Sporting a novas conquistas, já que parece perfeitamente identificado com a cultura do clube e dispõe agora de um lote interessantíssimo de novos atletas, numa revolução que foi operada por Carlos Freitas e Luís Duque.

Domingos será o homem do leme sportinguista na nova temporada
 Analisando agora o plantel que realizará esta nova época, é desde logo claro que existem mais e melhores soluções. Começando pela baliza, o facto do clube ter assegurado a permanência de Rui Patrício é a primeira garantia de segurança defensiva. O guarda-redes natural de Marrazes tem vindo a crescer exponencialmente e perfila-se como o futuro dono das redes nacionais, sendo um jogador completo, faltando apenas uma melhoria no jogo de pés. Marcelo Boeck é a natural segunda opção e Tiago mantém-se por ser uma referência no balneário e para os mais jovens. O sector defensivo surge igualmente mais forte. João Pereira é dono e senhor da lateral-direita e Evaldo da esquerda (pelo menos até ver o que faz Atila Turan, que ainda não chegou a Alcochete) e a zona central é a que oferece mais dúvidas; Daniel Carriço, Anderson Polga, Onyewu e Alberto Rodríguez (o jovem Tiago Ilori já mostrou ter valor, mas deverá rodar noutro clube) vão lutar pelas duas vagas no eixo, tornando-se previsível que o treinador deverá optar por um central de estatura média, rápido e com um bom sentido posicional (Carriço ou Rodríguez) e por outro possante, forte no jogo aéreo (o norte-americano Onyewu o único que reúne estas características). Polga, ainda que seja o central mais experiente do plantel deve sentar-se regularmente no banco de suplentes. Na zona central do terreno de jogo há muito pano para mangas: o pulmão inesgotável de Rinaudo (um '5' tipicamente argentino, à imagem de Fernando Redondo), sem nunca virar a cara à luta, a classe de André Santos, Schaars e Matías Fernández, a polivalência de Pereirinha (se se mantiver no plantel) e a versatilidade de Izmailov e Luís Aguiar (e mesmo do pequeno André Martins, mais uma pérola das escolas leoninas), quando recuperar da cirurgia a que foi submetido, vão emprestar ao Sporting uma capacidade de luta tremenda pela posse de bola e um toque de classe que faltou à equipa no ano passado, quando os 'leões' se viram orfãos de João Moutinho. Aqui, supondo que Domingos irá apostar no 4x1x3x2, a disputa por um lugar à sombra será intensa, já que a qualidade abunda nos diversos sectores do meio-campo. Passando para as alas, Diego Capel, Carrillo e Bojinov serão certamente muito úteis no desenlace das partidas quando o jogo se encontrar "atado", sem nunca esquecer Yannick Djaló, que ainda ontem, no jogo contra a Juventus disse "presente!", sem se atemorizar pela chegada de Capel. Finalmente, a frente de ataque está também bem munida de finalizadores de fino recorte. Hélder Postiga parece estar de volta (e agora é a escolha inicial de Paulo Bento na selecção portuguesa) com um arranque muito prometedor, o holandês Van Wolfswinkel tem a "pinta" dos tradicionais goleadores do 'país das tulipas' e Diego Rubio é um diamante em bruto para Domingos esculpir, com um futebol de perfume tipicamente sul-americano. Há ainda Bojinov, que é também uma opção válida para esta zona mais adiantada, mas será interessante vê-lo descaído na ala, à semelhança do que fazia no Parma.
 O Sporting 2011/2012 parece assim, à partida, muito melhor preparado para ombrear com Porto e Benfica (e por que não Braga?) pela conquista da Liga ZON Sagres e para enfrentar as exigências da Liga Europa, onde o nível futebolístico é cada vez mais elevado. As opções são mais, a qualidade também e a própria estrutura directiva e técnica aparenta ser mais firme e convicta, sempre com o objectivo primário de ver o Sporting ser grande outra vez.

O Sporting da nova época apresenta-se bem mais consistente, com muitas caras novas

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Fábio Coentrão - dilema para Mourinho?

 Na edição de hoje do jornal A Bola, vem a reportagem do jogo que o Real Madrid disputou ontem em San Diego (EUA) frente aos mexicanos do Chivas de Guadalajara e que levou de vencida por uns claros três golos sem resposta. Destaque para Cristiano Ronaldo que parece imparável nos seus objectivos e fez questão de colocar a sua assinatura nos três tiros certeiros dos 'merengues'.
 Mas não é de Ronaldo que vou falar. Vou antes focar-me noutro português, recém-chegado ao Bernabéu, Fábio Coentrão. À semelhança do que fez contra o LA Galaxy, José Mourinho optou por colocá-lo no meio-campo mais defensivo do seu 4x2x3x1, ao lado de Granero. Fábio cumpriu as suas funções, menos exuberante do que no jogo anterior, onde também jogou a lateral-esquerdo e extremo-esquerdo (posições que lhe são mais familiares). Mas terá o 'Figo das Caxinas' rotinas para actuar nesta posição?
 O que acontece é que Coentrão chegou ao Real Madrid pela "módica" quantia de 30 milhões de euros e já sabia que no plantel 'blanco' não ia ter vida fácil. Marcelo é dono e senhor da lateral-esquerda (com a total confiança de Mourinho, que na época passada confessou a sua admiração pelo 'novo Roberto Carlos') e Ronaldo e Di María parecem estar de pedra e cal nos extremos do ataque. O que fazer com Fábio? Um jogador em quem se investiu tanto dinheiro não pode ser relegado para o banco... Mourinho já deu resposta a esta questão, colocando-o então a médio-centro. E, na minha modesta opinião, pode ser a solução mais correcta: Fábio Coentrão é um jogador muito polivalente, tem (reconhecidamente) uma grande propensão para atacar, mas é igualmente muito aguerrido a defender. A junção destas características trará o equilíbrio fundamental que necessita  para se tornar uma referência na sua "nova" posição, à semelhança do que aconteceu com Schweinsteiger no Bayern de Munique e na selecção da Alemanha, onde jogava sempre a extremo e que quando passou para o "miolo" se transformou num dos melhores jogadores do Mundo.
 Sem problemas físicos que o apoquentem, Fábio Coentrão tornar-se-á o complemento ideal de Xabi Alonso no meio-campo defensivo da turma de Mourinho. Marcelo mantém-se a lateral-esquerdo, cimentando-se como um dos melhores e Di María (principalmente Di María, já que o lugar de CR7 é cativo) poderá dormir relativamente descansado. Só se coloca uma questão: Khedira está lesionado, mas o que fazer com Nuri Sahin, que veio do Borussia de Dortmund? É um médio que transpira classe por todos os poros e que quando estiver a 100% trará mais uma (boa) dor de cabeça para o treinador. Algo que José Mourinho terá que resolver...

Fábio Coentrão deverá actuar ao lado de Alonso, esta época

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Benfica: 4x1x3x2 vs 4x4x2 clássico

 É um debate que surgiu desde meados da época transacta e que vai ganhando cada vez mais protagonismo na pré-época que agora vai a meio (não tanto para o Benfica, que recebe o Trabzonspor já dia 26 no primeiro jogo oficial da temporada). Jorge Jesus tem, neste momento, perante si o apoio de uns ao sistema de jogo em vigor (4x1x3x2) e a contestação de outros.
 Quando chegou ao Benfica no Verão de 2009, Jesus implementou desde o início ideais ultra-ofensivos no balneário, materializados na prática por este desenho táctico. Dois laterais rápidos e muito aguerridos (na altura Maxi Pereira e Fábio Coentrão), um central alto, que carrega a mística de toda a equipa (Luisão), e outro central detentor de uma técnica evoluída e que era o primeiro jogador a iniciar os ataques desde o sector defensivo (David Luiz). Javi García era (e ainda é) o pivot que garantia o equilíbrio defensivo à frente da linha mais recuada em conjunto com as constantes cavalgadas de Ramires (ora a defender, ora a atacar), que actuava descaído na ala direita do trio ofensivo do meio-campo. Di María cumpria as funções de fantasista na ala esquerda e municiador de bolas para a grande-área e Aimar, na posição de '10' clásssico, dava o toque de magia que a equipa necessitava. Saviola jogava desde trás, sendo uma espécie de pivot ofensivo e Cardozo, mais fixo, era o finalizador desta orquestra bem dirigida, que se viria a sagrar campeã nacional.

Benfica campeão nacional na época 2009/2010 sob o sistema de 4x1x3x2

 Os verdadeiros problemas surgiram quando o sistema deixou de funcionar e os resultados deixaram de surgir na temporada seguinte. David Luiz não era o mesmo (saiu em Janeiro para o Chelsea), Ramires e Di María foram transferidos para Ligas desportiva e economicamente mais atractivas e Cardozo passou de herói a mal-amado na Luz (já para não referir Roberto, responsável directo pela perda de vários pontos no campeonato). Jesus chegou a ter o lugar em risco e o exigente tribunal benfiquista queria respostas imediatas da direcção do clube encarnado. A época revelou-se um fracasso.
 Já durante a pré-época que decorre actualmente, têm surgido cada vez em maior número as sugestões da alteração do modelo táctico para um 4x4x2 clássico. Assim que todos os jogadores regressarem das competições em que as respectivas selecções estão envolvidas, a defesa deverá recompor-se numa linha de quatro jogadores consistentes (Maxi, Luisão, Garay e Capdevila ou Emerson). Face à perda de condição física de Aimar (32 anos já pesam e sempre foi propício a lesões), jogar com um duplo pivot no centro do terreno parece ser uma solução bastante viável. Javi García mais defensivo e Axel Witsel a comandar as operações ofensivas, justificando a sua contratação e jogando na posição onde se sente mais confortável, espalhando perfume futebolístico pelo campo com a classe que tem e que lhe é reconhecida internacionalmente. Gaitán e Enzo Pérez parecem perfeitamente capazes de assegurar o bom funcionamento das alas e a dupla atacante mantém-se com Saviola e 'Takuara' Cardozo, de quem se espera uma temporada arrebatadora a nível de golos, já que as suas limitações técnicas são claras.
 Podemos assim dizer que Jesus deverá repensar a sua filosofia táctica e explorar novos caminhos, que possam devolver ao Benfica o futebol de estilo "rolo-compressor" de há duas épocas, que, aliás, levou as 'águias' à conquista do campeonato, a grande prioridade do clube.

Witsel pode ser a solução para o lugar de 'número 8'

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Bem-vindos!

Bem-vindos ao blog A Táctica do Autocarro!

 Chamo-me Francisco Sebe, natural de Ovar (Aveiro) e sou o autor desta página. Criei-a com o intuito de expressar a minha opinião e pontos de vista sobre vários assuntos, todos abrangidos pelo tema principal, o Desporto-Rei, futebol.
 Desde análises a jogos das mais variadas competições, componente táctica, futebol nacional e internacional, tentarei abranger um leque variado de áreas a explorar ao longo dos artigos que for publicando.

 Sobre quaisquer dúvidas que surjam, críticas ou sugestões que queiram fazer poderão contactar-me através do e-mail francisco.sebe@gmail.com ou simplesmente deixar um comentário.

 Sem mais a dizer, espero começar a escrever em breve e, claro, espero que gostem!