A frase do título deste post bem poderia ter sido dita por qualquer jogador do Benfica que ontem alinhou e contribuiu para a primeira (e importante) vitória das 'águias' na sua caminhada europeia. Apesar da desconfiança inicial que pairava sobre a falta de rotinas da defesa encarnada, o verdadeiro estado de espírito do capitão Luisão e o próprio adversário (quer se queira, quer não, o Trabzonspor é pouco conhecido na "Europa do futebol"), a turma de Jorge Jesus manteve-se firme e, no seu Estádio da Luz, construiu uma vantagem confortável de dois golos para o jogo da segunda mão, na Turquia, obrigando o Trabzonspor a abrir-se mais, na tentativa de apontar um tento que devolva esperança, aproveitando assim as fragilidades defensivas que daí resultarão.
A partida de ontem em si começou com um arranque forte do Benfica, empurrados pelo apoio do público e por algumas fragilidades defensivas provenientes da falta de velocidade da linha mais recuada do Trabzonspor (com a ajuda do guarda-redes Tolga, que parecia completamente alheio ao jogo, no início). Gaitán quase marcou num chapéu espontâneo, Luisão cabeceou muito perto do poste na sequência de um pontapé de canto e houve uma grande penalidade que ficou por assinalar sobre Cardozo. A partir dos 20 minutos e até ao intervalo, o jogo começou a "esfriar" e a ficar mais repartido, e a equipa turca conseguiu inclusivé um lance de clara oportunidade de golo por Adrian Mierzejwski, (mal) anulado pelo árbitro da partida, o suíço Stephan Studer (exibição fraca). Emerson destacou-se neste período, não pela desenvoltura ofensiva, mas pela importância na manobra defensiva, dobrando bem Garay e contribuindo com alguns cortes importantes. A segunda parte começou como acabou a primeira, equilibrada, com Artur Moraes a resolver duas situações de ligeira aflição na defesa benfiquista, mostrando não estar intimidado pela chegada de Eduardo ao clube. O Benfica começou a carregar mais e Saviola disparou ao poste da baliza de Tolga, a passe de Aimar (66 minutos). Pouco depois (71 minutos), Nolito, recém-entrado, recebeu a bola do lado esquerdo do ataque encarnado, combinou com Pablo Aimar e atirou a contar, num golo de belo efeito, colocando o Benfica em vantagem na eliminatória. A pressão ofensiva continuou, Luisão e Garay mostraram-se intransponíveis, mais um 'penalty' por assinalar a favor da equipa da casa, Maxi Pereira rendeu o esgotado Rúben Amorim, cumprindo com mais do que se lhe exigia (vinha de uma viagem de 12 horas do Uruguai até Lisboa), e Gaitán, após recuperação de Witsel (este, a par de Nolito e Emerson, já mostrou que é reforço), num remate colocado e espetacular, fez o segundo golo da noite, escancarando as portas de acesso ao 'play-off' de apuramento para o Benfica.
Concluindo, a defesa surgiu bem sólida com Garay e Emerson em destaque, Luisão provou (de novo) ser um excelente profissional, colocando a equipa à frente dos seus interesses pessoais, Gaitán é cada vez mais uma estrela neste Benfica e Nolito é um jogador 'à Barça', fazendo lembrar o também 'canterano' Pedro Rodríguez nos seus movimentos. O Trabzonspor mostrou ser uma equipa sem grandes argumentos para derrubar esta "armada" lisboeta e apenas Gustavo Colman mostrou estar ao nível exigido nesta competição. Com Aimar, Gaitán e Nolito no comando (em castelhano, pois claro!), o Benfica está com um pé na próxima fase da "rota dos milhões".
Os jogadores do Benfica:
Artur Moraes - 6 (classificação A Táctica do Autocarro)
Rúben Amorim - 6 (Maxi Pereira 65' - 6)
Luisão (capitão) - 6
Garay - 7
Emerson - 6
Javi García - 6
Enzo Pérez - 5 (Nolito 54' - 7)
Gaitán (MVP da partida) - 7
Aimar - 6 (Witsel 74' - 5)
Saviola - 6
Cardozo - 4
Treinador: Jorge Jesus; Táctica: 4x1x3x2
Os jogadores do Trabzonspor:
Tolga (capitão) - 4
Serkan Balçi - 4
Glowacki - 5
Giray Kaçar - 4
Celustka - 5
Zokora - 6
Gustavo Colman - 7
Burak Yilmaz - 5
Alanzinho - 4 (Akgun 68' - 3)
Adrian Mierzejwski - 6 (Pawel Brozek 85' - sem elementos de classificação)
Paulo Henrique - 5
Treinador: Senol Gunes; Táctica: 4x2x3x1
O árbitro: Stephan Studer - 3
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MVP da partida: Nicolás Gaitán (Nota 7) |